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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Atores donos de centros culturais falam de seu lado empreendedor


Há pouco mais de um mês, Marco Nanini inaugurou — com a pré-estreia de sua nova peça, “Pterodátilos” — o Instituto Galpão Gamboa, no Rio. A ideia é fazer com que, em breve, o lugar se firme no cenário carioca como uma sala de espetáculos fora do circuito convencional. Com essa iniciativa, Nanini se junta a um grupo de atores que têm em comum mais que apenas a profissão. Munidos de muita inquietação e coragem, eles foram além de seus papéis nos palcos e se tornaram empreendedores no mundo das artes. São artistas que, investindo tempo e dinheiro do próprio bolso, viraram donos de teatros e centros culturais no Rio, movidos única e exclusivamente pelo amor à arte.
É o caso das comadres Andrea Beltrão e Marieta Severo. A ideia de criar um teatro — que sediasse também oficinas, encontros teóricos e outros projetos — surgiu descompromissadamente, num jantar entre as amigas. Dois meses depois, elas compraram a casa em Botafogo que em 2005 se transformaria no Poeira. No total, gastaram R$ 1,5 milhão.
— Foi uma maneira de estender a paixão pelo teatro ao máximo. Mesmo não estando no palco, estou contribuindo de outras formas, não só como atriz — afirma Marieta: — Sentir que estou ajudando na formação de profissionais é uma maneira definitiva de me relacionar com o teatro. Mas não é um negócio. Como negócio é péssimo, pois se perde dinheiro. Não recomendo para ninguém que queira retorno financeiro (risos).
Sócio do Sesc Rio Casa da Gávea, Paulo Betti foi um dos pioneiros nessa aventura cheia de alegria e satisfação pessoal, mas, segundo o próprio, com lucro zero. Ao lado dos colegas Cristina Pereira, Rafael Ponzi e Vera Fajardo, o ator criou o centro cultural em 1992 porque sentia falta de um espaço no Rio que proporcionasse reflexão, ensino e produção. Precisou lançar mão da experiência que acumulou na época em que fazia teatro amador e precisava ser seu próprio produtor.
— Muitos colegas acham chato levar projetos a empresas, conhecer pessoas, conseguir patrocínio. Mas eu acho que nesse caso vale a pena — explica Betti: — Seria mais fácil e confortável para mim ficar só na TV. Mas sem um certo desconforto, sem luta, não se consegue nada. Meu prazer é ver projetos dando certo, peças estreando, professores ensinando. Para mim, é prazeiroso.
A história de Ângela Leal é um pouco diferente: ela herdou o histórico Teatro Rival, na Cinelândia. Mas num estado tão deplorável que a opção de vendê-lo nem existia. A atriz então arriscou dar um tempo na carreira para recuperá-lo. E descobriu-se uma empreendedora.
— Foi algo ligado ao meu lado cidadão, não foi para ganhar dinheiro. Recuperei o teatro para a cidade — diz ela, que hoje divide a curadoria do espaço com a filha e herdeira, Leandra Leal: — O Rival está pronto para o que ela quiser fazer. Já estou com 64 anos, quero tratar da minha vida.
Sessão Extra

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