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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Londres alerta o Rio: atenção aos gastos públicos




Se não quiserem ter sérios problemas com as contas públicas, os governos federal, estadual e municipal do Rio devem, desde já, manter rígido controle sobre os gastos dos Jogos Olímpicos de 2016. O conselho pode parecer óbvio, mas vindo dos organizadores da competição de 2012, em Londres, é bom levar em conta a recomendação. O chefe-executivo da Olympic Delivery Authority (ODA), a autoridade pública olímpica dos ingleses, David Higgins, alertou os colegas brasileiros durante o seminário As Olimpíadas e a Cidade: Conexão Rio-Londres”, no Palácio da Cidade, em Botafogo, zona sul do Rio, na manhã desta quinta-feira.
“A maior preocupação é não se complicar com as contas públicas. Vocês têm três esferas de governo aqui: municipal, estadual e federal. Todas injetando diferentes quantias e todas tomando decisões. Para obter sucesso, é preciso definir as responsabilidades de cada esfera, e tomar decisões simples como quem paga pelo quê”, alertou Higgins, com a autoridade de quem viu as cifras dos próximos jogos olímpicos serem multiplicadas à medida que a candidatura de Londres passou do papel para o canteiro de obras.
O orçamento inicial da London 2012 era de 3,8 bilhões de dólares. Reajustes, ampliações, revisões do conceito de algumas arenas olímpicas e de obras de infraestrutura elevaram a conta para 14,9 bilhões de dólares, dos quais 9,6 bilhões exclusivamente saídos dos cofres públicos. No Rio, até o momento, a previsão de gastos é de 28 bilhões de reais – ou cerca de 17 bilhões de dólares.
Higgins destaca que é essencial a criação de um Plano Diretor, com as diretrizes que vão guiar os investimentos e a divisão das responsabilidades entre as autoridades envolvidas. O documento elaborado pelos ingleses tinha 10 mil páginas, dividas em 15 volumes. O equivalente carioca, intitulado “Pacote Olímpico”, é mais modesto. Trata-se de um conjunto de três projetos de lei, que prevê incentivos fiscais, modificações urbanísticas para construção de hotéis em determinadas áreas da cidade e uma medida que permite a ampliação do Sambódromo. O pacote deve ser votado pela Câmara dos Vereadores na próxima terça-feira.
Apesar de viverem realidades bastante diferentes, Rio de Janeiro e Londres colecionam similaridades quando o assunto é Olimpíada. Desde a campanha para sediar os Jogos, as autoridades brasileiras usaram a metrópole inglesa como referência. As duas cidades-sede contam, por exemplo, com o mesmo responsável pela comunicação, o inglês Mike Lee. O modelo de governança também foi copiado dos londrinos, com a criação da Autoridade Pública Olímpica (APO) inspirada na ODA.
As duas cidades também compartilham problemas comuns às metrópoles de todo o planeta, como o trânsito caótico. “As questões das nossas cidades são muito diferentes, mas os desafios são os mesmos. Londres é uma cidade medieval e tem ruas muito estreitas. Sair do leste para o oeste de Londres na hora do rush é tão difícil quanto cruzar o Rio ou São Paulo”, compara Higgins.
A solução encontrada para interligar os dois lados da capital inglesa foi a criação de uma nova linha de metrô, a East London Line. As Olimpíadas foram fundamentais para garantir a verba necessária e tirar o projeto do papel.
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